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 A chamada "filosofia do contente" — essa ideia de que devemos estar sempre felizes e positivos — pode ser uma armadilha perigosa, especialmente no mundo do consumo. Muitas vezes, o mercado vende a felicidade como um produto: “compre isso e será feliz”, “viaje para tal lugar e encontre a plenitude”. Essa narrativa ignora a complexidade da existência humana, que envolve medos, perdas, dores e incertezas.


A psicanálise nos ensina que a vida não se resume a um ideal de felicidade plena e constante. O sofrimento faz parte da experiência humana e tem um papel fundamental no nosso desenvolvimento psíquico. Quando tentamos negar ou evitar as emoções consideradas "negativas", acabamos reforçando o mal-estar, pois aquilo que não é elaborado retorna de outras formas – muitas vezes através de sintomas como ansiedade, compulsões ou depressão.

A indústria do consumo e a cultura da positividade tóxica nos vendem a ideia de que basta mudar o pensamento ou adquirir algo para eliminar o sofrimento. Isso cria uma ilusão de controle absoluto sobre a vida, gerando frustração quando inevitavelmente enfrentamos dificuldades.


Ao contrário dessa visão superficial, a psicanálise convida à ampliação da experiência de ser, reconhecendo a riqueza dos afetos humanos, sejam eles prazerosos ou dolorosos. O amadurecimento emocional não vem da negação do sofrimento, mas da possibilidade de atravessá-lo e encontrar novos sentidos. A existência não pode ser reduzida a um estado de euforia constante; ela inclui também as perdas, os medos e as dores, que, quando elaborados, podem nos transformar e nos tornar mais inteiros.

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